ANIVERSÁRIO
DO GRUPO ESCOLAR “ALFREDO PAULINO”
50
ANOS
Anos
60
Os
anos 60 tiveram uma explosão de juventude em todos os aspectos. Anos de poder
jovem e rebeldia, de Jovem Guarda e Tropicália. Os festivais de música agitam,
e os estudantes agitam o mundo. A
atitude é mostrada nas roupas, no cabelo e na dança. A música jovem
finalmente é levada à sério pelos adultos, existe a possibilidade de mudanças.
O que é antigo; já era!
Nesse
cenário, a transformação só poderia ter isso radical. A moda era não seguir a
moda, o que representava claramente um sinal de liberdade. O grande desejo da
juventude da época. Assim, a forma de se vestir se tornava cada vez mais ligada
ao comportamento.
Sob
o olhar do diretor – prof. Eduardo Cesare Basaglia – examinando se os sapatos
dos alunos estavam bem engraxados; os alunos do Grupo Escolar “Alfredo
Paulino”,se colocavam em filas, para aguardar seus professores e se dirigirem
às salas de aula.
A
moda rebelde não chegava às escolas, as meninas vestiam saia azul marinho
pregueada e camisa branca (com botões), meias ¾ brancas e sapatos pretos –
VULCABRÁS, os meninos calças compridas, também azul marinho camisa branca e
sapatos pretos.
Para
suportar o frio que fazia em São Paulo naquela época, blusa de lã azul marinho;
nos cabelos tiaras ou fitas brancas.
As
malas dos alunos, de couro, transportavam cadernos e livros encapados com
“papel pardo”, estojos com lápis preto nº 2, borracha, régua e lápis de cor.
Para
transportar o lanche, haviam as lancheiras – rosa para as meninas e azul para
os meninos, com garrafinhas plásticas para o “Ki-suco”. A escola oferecia
lanches para os alunos “da Caixa Escolar” (cujas famílias tinham menor renda),
Sopas
de macarrão; arroz com feijão e carne com batata, sopa de fubá, pão com
salsicha, leite com chocolate, etc...
As
festas juninas eram verdadeiros eventos para a comunidade escolar – todos se
envolviam – e aproveitavam para estreitar laços e vínculos de amizade: todos se
conheciam!
Nos
finais de ano – Festa de Natal – no Parque da Água Branca, Papai Noel entregava
presentes para todos os alunos das escolas públicas – que maravilha!!!
ANOS
70
Cresce
o movimento estudantil que tomava conta das ruas em diversas partes do mundo e
contestava a sociedade: seus sistemas de ensino e a cultura em diversos
aspectos, como a sexualidade, os costumes, a moral e a estética.
No
Brasil, cada vez mais o estado aperfeiçoa seus mecanismos de repressão às ações
dos jovens estudantes, que iam contra a ditadura militar, culminando com a
decretação do AI-5 legitimando a censura prévia a todo os veículos de
comunicação em território nacional.
O
avanço do sistema através do controle dos principais elementos da cultura,
entre eles a música, tornou possível a incorporação da cultura de consumo e, ao
mesmo tempo que os jovens condenavam o materialismo da sociedade de consumo,
adquiriam sofisticados equipamentos de som, motos e carros esporte, etc...
Neste
cenário, onde o regime militar não permitia espaços para a manifestação da
rebeldia típica do jovem, esta persiste nas roupas, nos cabelos na música e na
linguagem: a revolução estética substitui a proibida revolução política.
Ao
lado de um sentimento de repúdio à violência do sistema, uma filosofia que
exalta a paz e o amor aparece para
influenciar esta geração.
“FAÇA
AMOR, NÃO FAÇA A GUERRA” – era o lema do início da década que acabou
influenciando a moda.
Entre
calças militares estilo safári, botas de camurça e sandálias de plataforma,
micros e maxi saias, o jeans acaba sendo o vencedor: de preferência surrado e
cheio de enfeites.
“LIBERDADE
É UMA CALÇA VELHA, AZUL E DESBOTADA.
Nessa
década, o “Alfredo Paulino” dividia o seu espaço físico com uma proposta de
Educação de vanguarda: O Ginásio Estadual Pluricurricular Experimental III – o
GEPE III
A
direção do Grupo Escolar “Alfredo Paulino” – de 1º ao 4º ano do primário estava
sob responsabilidade da Diretora Nilsa Conceição dos Santos Ferreira.
O
uniforme: saia de tecido xadrez com camisa branca, sapatos pretos e
meias
brancas.
Para
o GEPE III (iniciou as atividades em 1969, e atendia de 1ª a 4ª série do
ginásio) o uniforme era saia cinza chumbo com uma “prega macho”,cinto de couro
vermelho, camisa branca de gola arredondada, meias ¾ brancas e sapatos pretos –
para as meninas apareceu o “moderno bico de pato” – um sucesso na época, e
depois o “sapato tipo boneca”. A blusa de frio ainda era azul marinho- de lã.
Não
havia mais diretor examinando sapatos engraxados, os alunos dirigiam-se à sala
de aula onde esperavam os professores,
“um para cada matéria” – uma mudança radical na relação professor X
aluno.
O
GEPE III oferecia um currículo escolar de fazer concorrência às grandes escolas
particulares de hoje em dia; além da grade obrigatória: Português, Matemática,
Ciências, Estudos Socias, faziam parte: Inglês, Artes Plásticas, Educação
Musical, Religião, Artes Industriais, Técnicas Comerciais, Educação Física,
Teatro (em quase todas as disciplinas - será que esqueci de alguma?)
A
participação dos alunos era grande – nos campeonatos esportivos (inter
colegiais) da disputa e a competição acirradas, surgiram atletas que se
destacariam mais tarde, no GEPE III estudou
o WLADIMIR, que na época já
era
atleta juvenil do Corinthians e depois fez grande sucesso na história do time,
Além do futebol, também o Handebol, vôlei e basquete eram modalidades onde os
alunos/atletas se destacavam.
A
Escola era o espaço de ampliação de cultura, socialização de valores, vivência
de experiências e criação de vínculos de amizade – espaço ideal para o
desenvolvimento da criatividade alimentada pelo – especial e excelente – grupo
de professores.
Não
era raro ver um grupo de alunos tocando violão e cantando nos intervalos das
aulas, e tivemos então “Festival de música” na escola, revelando compositores e
talentos incríveis, em tão jovens alunos (será que alguém lembra ?
“Foi no forró que eu conheci a
Leonor, foi, foi, foi, foi,
Tava de verde, fita roxa na
cintura, com a boquinha tão vermelha,
feito pimenta madura “
e outra:
“Todos da mesma semente, na mesma
corrente, GEGAP é você”....
Grupo
Escolar e Ginásio “Alfredo Paulino” - GEGAP – foi o nome que recebeu a escola
em 1971, com a reforma da Educação, lei 5692/71, destituindo a escola
pluricurricular experimental, e incorporando os dois segmentos escolares em 8
anos.
Faltava
um ano e meio para terminarmos o curso, e algumas lembranças ficaram fortes:
As
aulas de religião na 8ª série com os seminaristas do Instituto Pio XI – Milton
dos Santos (hoje arcebispo de Cuiabá) e Luiz Gonzaga Picolli (hoje,missionário
em Angola);
A
professora de música – Maria Helena – acreditava nos jovens, em sua
disponibilidade para o bem, no potencial de cada um – despertava nos alunos o
que cada um tinha de melhor – era amada por todos, nos ensinava a cantar (até em
Inglês Hey Jude, e Let it be), ensaiou os cantos para nossa missa de Formatura que foi celebrada na
paróquia Dom Bosco, pelo Pe. Dante.
Para
comemorar a formatura, fizemos um churrasco, na própria escola, onde nos
despedimos com alegria para depois nos reencontrarmos com tristeza dias após,
pois dois de nossos colegas de turma – Stétson e José Carlos Rodrigues – haviam
morrido afogados....
Para
o Colegial – atual Ensino Médio – nos espalhamos pelas escolas: Romeu de
Moraes, Ciridião, e Escola Técnica Federal (um luxo na época), e levamos
conosco o orgulho de sermos do “Afredo Paulino”.
ANOS
80
Um
dos principais problemas da década de 80 foi o aumento da distância econômico
social entre os países desenvolvidos e os do Terceiro Mundo.
Nesse
quadro, o Brasil se viu particularmente envolvido em sua maior crise econômico
social, e deu os primeiros passos em direção a abertura política com o
movimento popular “Diretas Já”!
Se
o quadro é de incertezas e crises nos campos social – político e econômico, o
mesmo não podemos dizer da área cultural, pelo menos na música. O crescimento e
a concretização de um mercado para a juventude faz do rock um dos principais
meios de crítica do jovem brasileiro à situação por que passa o Brasil.
A
moda dos anos 80 pede comodidade. A liberação feminina, que pela primeira vez
colocou a mulher em patamar de igualdade
com o mundo masculino, exigia também um figurino mais masculinizado. Para
quebrar essa rigidez, as cores passaram a fazer parte do dia-a-dia, em tons
contrastantes com muito brilho, remanescentes de fenômeno das discotecas, que
teve seu auge na novela “Dancin Days”.
ANOS
90
Uma
coisa é certa todos os problemas, todas as dúvidas, todas as incertezas e, quem
sabe, muitas soluções que hoje estão presentes em nossa vida são frutos dessa
revolução sócio-cultural em que a participação de jovens críticos e
contestadores (hoje pais e mães) mereceu destaque.
A
juventude sempre teve um jeito próprio de levar adiante o seu protesto e sua
luta. Mas foi principalmente através da sua produção cultural que o seu recado
pode ser percebido e ouvido.
SÉCULO
XXI – anos 2000
O
mundo sempre foi cheio de contrastes, crises, conflitos e contradições.
Restam-nos,
porém, algumas perguntas finais
Será
que a juventude ainda acredita em mudanças, e que vale a pena mudar?
Fazer
retrospectiva é assim, volta-se ao passado e enxerga-se o futuro, com todas as
possibilidades, expectativas, esperanças e acima de tudo com toda a felicidade
que se merece.
Uma
homenagem – gratíssima – à todos os professores que passaram pelo “Alfredo
Paulino”, por sua escolha, dedicação, simplicidade, coragem, presença afeto, e
por nos ensinarem a ter uma causa a que dedicar a vida – ter uma razão para
viver!
Parabéns a direção em manter uma escola trado de pé, estou no sul mais tenho muita vontade de rever a minha escola que ficou em minhas melhores lembranças, amo de coração!!! Muitas lembranças,muita falta!!! Muitos sentimentos!!!
ResponderExcluirSaudades do Gepe III, fui da primeira turma, estudei com o Wladimir, tempos maravilhosos, professores ótimos e amigos. Foi muito bom recordar.
ResponderExcluirQue boa lembrança....bons professores,,,liberdade com responsabiidade. As vezes tambem vinha junto com o Wladimir .Morava na Vila Jatai e ele na Vila Ida. Que bom encontar esta página contém
ExcluirNem sei se era uma escola, se era uma brincadeira, um sonho...
ResponderExcluirEu aprendia, éramos tudo, o centro do mundo, os números aumentavam na chave da divisão, o carinho com palavras proparoxítonas, a tomada de distância na fila que aproximava os colegas.
As mais lindas estrelas ma bandeira, cujo amarelo sorria toda vez que a claridade do sol alvejava as cortinas, perto do tablado que sustentava a mesa da minha professorinha.
A fanfarra ensaiava as mais belas notas desencontradas do universo, o som das cornetas atravessava os quadradinhos da parede vazada, enchendo as escadas de cor e alegria. Na sala de aula o silêncio atento e a disciplina terna dos magníficos professores se juntavam em um encontro mágico e de repente explodia tudo em vida, a ordem dava lugar a mais maravilhosa confusão nos corredores, pátios e palco, quando o toque eletrizante da campainha chamava, alguns bonés voavam e se sujavam delicadamente naquele chão, que gentilmente, nos apoiava, nos permitia correr e brincar com as obras de arte que vinham nos envelopes, a imaginação decolava nos desenhos e na esperança da figurinha premiada.
Será que era somente uma escola? Como pode ter me acolhido com tanto calor, com tanto amor, com o melhor? Será, Alfredo Paulino?